domingo, 3 de abril de 2011

Do Talento (Parte 2)

Amiguinhos,

Descoberto que está algum potencial talento numa criança (ou adolescente), e partindo do princípio que ele nos deixa estimular e dar-lhe as ferramentas para educar e "domar" essa talento, começa a fase mais determinante (na minha opinião) da formação de um Artista (seja em part-time ou em full-time).

Nesta fase, entendo que não nos devemos esquecer de duas vertentes importantíssimas:
- a formação;
- as vivências.
Tenham em atenção que quanto mais talento houver, mais tendência a criança terá para descuidar-se na formação. E, devido à permeabilidade do espírito nestas alturas, as vivências serão determinantes, essencialmente, na forma de estar futura.

Sendo assim, a formação deve ter três características: método, solidez e acompanhamento. Sem método, a criança perde interesse e a evolução real fica difícil de avaliar. Métodos pouco sólidos produzem artistas medíocres que arranjam "desculpas de mau pagador" para desculpar falhas básicas. A componente de acompanhamento é, como em todas as áreas da educação, essencial para uma avaliação sustentada e pode evitar desleixos que, descobertos tardiamente, podem comprometer seriamente todo o processo.

Sobre as vivências, cabe aos Pais e Educadores estarem atentos. Esta componente tem a ver essencialmente com a convivência com colegas de aprendizagem, artistas que já exercem, público em eventuais audições, etc. E refiro-me, acima de tudo, aos deslumbres que os elogios, os aplausos e as palmadinhas nas costas podem originar. Para mim a regra de ouro é: quem avalia Alunos, são os Professores. E quem avalia os Artistas é o Público. Ou seja, enquanto não estiver completo o processo de formação, deve sempre olhar-se para a criança como Aluno e não como Artista. Não quero de forma alguma parecer frio ou cruel. Este é um ponto de vista que, a longo prazo, só traz benefícios. Posso até exemplificar: em vez de se aplaudir de pé um aluno de piano por ter tocado uma peça básica, porque não dar-lhe boa nota, aplaudir de forma normal, e dizer-lhe "estiveste bem" (se for esse o caso)? Incentiva na mesma mas não deslumbra. Não mete numa cabeça permeável e fresquinha a ideia de que "sou mesmo bom nisto!!!".

Por favor tenham em atenção que o inverso também se aplica: o insulto, o gozo e os gritos (odeio gritos!!) têm o efeito perverso. As chamadas de atenção e as notas negativas devem ser dadas com a mesma moderação que defendo para os elogios. Bem sei que há casos em que regimes duros e abusivos geraram grandes executantes e, em alguns casos, grandes Músicos (sim! Há diferença entre executante e Músico...). Mas a pessoa por trás do Artista era, por norma, um infeliz cuja vida não acabava muito bem...

Relembro que todo este texto diz respeito apenas ao período de FORMAÇÃO de um Artista. Idealmente quando é criança ou adolescente. E relembro também que não sou especialista. Mas tudo isto me parece lógico. :)

Beijos & Abraços,

MP

Location:Funchal

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