quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Das Borlas e da Boa Vontade

Amiguinhos,

Há muito que ando para escrever sobre isto. Mas nunca deu. Ou porque depois me passava, ou por outro motivo qualquer. Mas agora, acho que é altura...

Tenho para mim que quando alguém faz uma borla (seja ajudar-me a mudar um sofá de um lado para o outro, ou fazer um concerto) esse alguém deve ser bem tratado. Corrijo: esse alguém deve ser MUITO BEM tratado. Porque quando não tratamos bem quem nos faz borlas, corremos o risco de parecermos pobres e mal agradecidos. E se calhar somos mesmo... Pior: se calhar até nos aproveitamos da boa vontade dos outros de forma consciente. E isso é, para mim, imperdoável.

E eu há dias fiz uma borla. Para uma Gala. ESCLARECIMENTO: diverti-me muito e gostei muito do produto final. Havia pessoas muito boas e os momentos de descontracção foram brilhantes. Mas, infelizmente, não foi só isso...

É muito importante não confundir "borla" com "desorganização" ou "displicência". Já trabalhei muito sem receber. Mas sempre quiz fazer as coisas bem. Quem me conhece e trabalhou comigo sabe disso. Mas há pessoas que acham que "como é de borla, bacalhau basta". E apressam-se a dizer, com o ar mais natural deste mundo que "não há dinheiro". E pronto!

Por outro lado, a boa educação e as "atenções" que devemos ter com quem nos ajuda a ficar bem na fotografia (porque houve muita gente que ficou muito bem na fotografia), não custam nada. E fazem os outros sentirem-se bem. Posso dar-vos exemplos práticos de frases que se podem dizer:
1 - Eh pá, não há dinheiro. Mas agradeço-te imenso teres vindo!
2 - Tens aqui um convite para a tua Mulher!
3 - Queres uma água?
4 - Mais uma vez muito obrigado!
... Nada disto aconteceu ...
Mas fico contente por saber que não foram todos que foram de borla. E que esses até foram bem tratados. Os meus parabéns a quem os tratou bem (estou a ser mesmo sincero).

Não tenho nada contra as borlas... Quando é por uma boa causa ou porque é um Amigo que precisa de mim. De resto, por favor metam na cabeça que a "promoção" e o "currículo" já não me aliciam. O meu barómetro para as borlas é simples: se me apetecer faço. Se não me apetecer, não faço. Mas, independentemente das circunstâncias, faço sempre com boa vontade. E faço sempre o melhor que posso. E vou continuar a fazer.

Mas há uma coisa que vos peço: não sejam deselegantes, desatenciosos e mal agradecidos. E, acima de tudo, tenham cuidado com os critérios que aplicam em todas as decisões que tomam quando há pessoas que trabalham sem serem pagas para isso.

Não sou rancoroso. Mas entristeço-me com injustiças. Lamento.

Beijos & Abraços,

MP

Location:Porto Santo,Portugal

Das Redescobertas

Bom Dia Amiguinhos!

Estou a escrever este post no Paúl do Mar. Na varanda do hotel, com um dia bonito, muita calmaria e o barulho de crianças à volta de uma piscina. E penso no quão raros são estes dias, estes momentos...

Gosto de cá vir e tenho pena de não vir mais vezes. A última vez tinha sido há mais ou menos um ano, quando vim tocar à Festa da Lapa 2011. E este ano estou cá pelo mesmo motivo: a Festa da Lapa.

O concerto foi ontem à noite e correu muito bem! Fez-me lembrar dos motivos pelos quais escolhi (há 16 anos) ser Músico: chegar às pessoas, provocar-lhes reacções de alegria, euforia, dança, melancolia, tristeza. Enfim... Fazer alguma diferença, nem que seja durante um concerto. E ontém conseguiu-se isso.

Acho que faz falta a muita malta redescobrir-se. A sério! Fazer Música pelos motivos certos é muito importante. Não digo que eu saiba quais são os motivos certos para toda a gente. Mas sei quais são os meus. Sou fiel a eles e só continuo por causa deles (os motivos).

E, conhecendo alguns dos meus colegas como conheço, e tendo trabalhado com eles muitas vezes ao longo dos anos, quase que aposto que alguns já se esqueceram. E eu noto...

Não andem nisto para pôr ninguém "no seu lugar", para "provar que conseguem" ou para "provar que não precisam deste e daquele". Andem nisto para chegar às pessoas. SÓ para chegar às pessoas.

Porque, caros Amigos, quando nos esquecemos de quem nos vê e ouve, algo está mal. E, mais cedo ou mais tarde, vamos perceber que as únicas pessoas que vibram e se emocionam com os nossos concertos... Somos nós. E não há realidade mais triste que essa.

Beijos & Abraços.

MP