segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O Meu Pontinho

Querido Pontinho,

Sei que vais ser lindo. Nunca te vi. Ainda não tive essa hipótese e a coisa não tem sido fácil. Mas sei que vais ser lindo.

Em mim, já és lindo há muito tempo. Até nos meus sonhos, onde entraste várias vezes, te consegui ver a cara. És engraçado. Tens um sorriso aberto e uma mãos pequeninas e apetitosas. E cheiras tão bem!

Fazes aqueles barulhinhos giros que deixam qualquer um a olhar para ti com um ar aparvalhado. Os teus olhos abrem, fecham, semicerram e olham à volta à procura de tudo. Ou à procura de nada... fixas qualquer coisa, abres um sorriso, fechas as mãos e desatas a fazer gestos... e mais meia dúzia de barulhinhos.

Quando perderes a piada, vais passar a ser motivo de orgulho. De preocupações, de chatices, de decisões difíceis, de brigas, de discórdias e de discussões. Mas sempre de orgulho. Não tens piada nenhuma se não deres luta. Se não aprenderes cedo que eu não tenho sempre razão. E eu estou aqui para aprender. E para te ensinar.

Os outros (leia-se "todos menos nós os três") vão logo pensar que te vou ensinar Música, logo assim, sem anestesia. Pois têm razão! Acreditando na roleta da genética e querendo passar-te alguma coisa de bom sem grande esforço, já ficas com algum talento para tocar e cantar. 

Depois vem o resto. Quero que sejas tudo, quero que sejas vida constante. Quero que ames sempre, que dês, que perdoes, que toleres, que andes em frente! Que tenhas medos e que os enfrentes só. Que os domines e que aprendas a rir-te deles. Quero sentir a angústia de querer proteger-te e não o fazer. Porque tu, meu pontinho, não vais ser um inútil. Não vais ser fútil, não vais ser preconceituoso, não vais ser mau. Não é isso que quero para ti. Não é isso que tu queres para ti. Tu és lindo por fora e por dentro.

Vou ensinar-te tudo o que sei. Não dá para ser egoísta nem selectivo quando se ensina com a cabeça e com o coração. Vou esperar que tenhas capacidade de aprendizagem e, pelo menos, o mesmo palmo de testa que eu tenho. Acho que não é um mau começo. Mas, em tudo, quero que sejas mais do que eu. Melhor do que eu. Mais rápido do que eu. Vou criar-te bases e dar-te ferramentas. No limite, dou-te um empurraõzinho. Mas não estejas à espera que te leve ao colo, meu pontinho lindo. 

Acho que a melhor coisa que te posso dar, é a sensação de teres conseguido as coisas por ti. Até não me importo que um dia penses mal de mim por não ter-te protegido mais ou por não te ter facilitado as coisas. Mas, no fim de tudo, vais ser maior. Vais sentir-te maior. E essa, meu pontinho, é a melhor sensação de todas.

Que Deus te dê a beleza, a doçura e a força da tua Mãe. É por causa dela que tu és lindo. Que tu vais ser mais lindo ainda. Esta viagem que vais começar, só faz sentido se for a três. Se formos nós os três. E um dia vais perceber porque têm de ser estes três. 

Vais ser tu a escrever o livro da tua vida. Eu vou ser uma espécie de revisor chato, que corrige umas coisas aqui e ali. E vai ser um livro épico! Não porque tu vás ser o dono do Mundo. Mas porque vais ser meu e da tua Mãe. E depois vais ser do Mundo. E porque tu, meu pontinho, já és lindo. És o pontinho mais lindo que já vi na minha vida!

Cresce pontinho, cresce! É que já é um prazer olhar para ti. E eu gostava mesmo de conhecer-te melhor.

Beijinhos Pontinho!

sábado, 28 de janeiro de 2017

Das Homenagens

Aloha!

Depois de algum tempo parado, decidi voltar aos meus escritos. Pode ser que tenha inspiração para escrever com mais regularidade. Ou não. Ninguém sabe. :-)

Dei por mim a pensar em homenagens, sejam elas de que espécie for. Há algum tempo, em conversa com Colegas e Amigos, falei (em algumas alturas de forma mais emocionada) na justiça de homenagens que se deviam fazer. Ou na injustiça da falta delas.

Tive o prazer e, acima de tudo, a honra de participar em algumas homenagens que se fizeram a alguns Colegas de Profissão. E só tenho pena de não ter podido participar em mais. Os reconhecimentos públicos de uma capacidade, de uma carreira, da dedicação a uma causa são a forma mais bonita de se dizer obrigado. E é por este princípio que me rejo quando aceito participar numa homenagem a alguém: tenho de acreditar que aquela pessoa ou instituição merecem o reconhecimento e todo o trabalho que vou dedicar àquela causa. Que é justo e honesto agradecer de forma pública. Tenho feito sempre assim. E, até agora, ainda não me arrependi.

Convivo, quase diariamente, com pessoas que deram muito de si, ao longo de muito tempo, a alguma coisa. À Música, ao Teatro, à Rádio, à Televisão. A causas nobres e, muitas vezes, difíceis. Que inovaram, que educaram, que ajudaram, que promoveram situações, acontecimentos, causa e pessoas, muito além do que delas seria esperado. Que o fizeram, muitas vezes, com poucas ou nenhumas condições, a muito custo, com consequências nefastas na sua vida pessoal. Porque acreditavam que valia a pena. Porque sabiam que, sem essa dedicação e entrega, nada de novo se faria, não se avançaria e tudo ficaria na mesma.

Sei que, há algum tempo, um Músico Madeirense foi condecorado pelo Governo Regional da Madeira. E não foi o primeiro. Mas agora é mais frequente homenagear músicos, seja por mérito turístico ou pela divulgação e ensino da arte. Em boa hora o fizeram. Eu tive a oportunidade de sentir efeitos práticos da dedicação deste Homem à Música, em várias vertentes e estilos. O trabalho que ele fez era já conhecido de muitos. Mas daí ate alguém decidir homenageá-lo, daí ate porem em prática e fazerem acontecer esse reconhecimento público, vai (ou foi) uma grande distância. E como deve ter sido doce receber aquele prémio, ter sido reconhecido por tanto, tanto trabalho e por tanta dedicação...

Tenho para mim que a maior parte dos homenageados não trabalha pensando na medalha que um dia pode receber. A maior parte deles pode ate nem achar que merece ou que não fez nada de especial. Não por falsa modéstia. Nem mesmo por verdadeira modéstia. Mas porque nunca sequer pensou nisso. Porque fez tudo o que fez porque quis, por vontade, por egoísmo (também é possível), por vontade de ajudar uma causa, para ensinar algo às pessoas ou para inovar nesta ou naquela área.

Quem disser que não liga ao reconhecimento publico de um bom trabalho, ou está a mentir, ou é inconsciente. Porque toda a gente gosta de reconhecimento e porque esse reconhecimento pode servir de exemplo para que outras pessoas abracem causas notáveis e, um dia, façam coisas grandes.

Assim sendo, que venham esses reconhecimentos. Que se tenha visão transversal quando se tomar decisões sobre quem homenagear. Que se pense em todas as formas que existem de se tocar a vida das pessoas, de (de alguma forma) melhorá-la. Seja através da botânica, da geologia, da medicina, do turismo ou da música. Que não se tenha medo de homenagear músicos, bailarinos, pintores, escultores. Que se tome estas decisões de forma consciente e ponderada, mas aberta. 

Que se premeie mérito. Sem medo!

Beijos & Abraços.