quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Da Tristeza

A tristeza é uma porcaria de um sentimento. Faz-nos ficar pequeninos e enfraquece-nos mental e fisicamente. É mesmo assim...

Honestamente nem sei o que é pior: ficar triste ou entristecer alguém. Estar triste é mau, como é óbvio. Mas causar tristeza é quase desumano. Quando é de propósito, revela uma frieza fora do comum. Quando é sem querer, por inconsciência ou por negligência, até é perdoável. Infelizmente todos temos dias "não". Mas devemos ter a capacidade de não descarregar em ninguém. Esta capacidade é uma espécie de frieza boa. De raciocínio lógico que nos permita dizer: eh pá, esta pessoa não me fez mal nenhum!

No limite acho que devemos pedir ajuda! Ou então avisar: "cuidado que isto hoje não anda fácil. É melhor deixares-me quieto". E pedir ajuda não é dar parte de fraco. É abrir o coração ao aconchego que os Amigos (e/ ou, por vezes, desconhecidos) nos podem dar.  Há mesmo quem diga que não quer incomodar ninguém com as suas agruras. Deixem-se de tretas! Os Amigos foram feitos para serem incomodados. Para nos darem uma perspectiva diferente e típica de quem está de fora. De quem pode (ou não) ter um olhar desapaixonado sobre o que apoquenta o outro. Podem, no fim de contas, dar conselhos bons. Que ajudem quem, naquele momento, se sente consumido pela tristeza.

Por outro lado, devemos estar atentos aos olhos de quem nos rodeia. É que não há nada que demonstre tão bem a tristeza, como o olhar de quem a sente. Aí também não é vergonha nenhuma perguntar o que se passa. Ou pelo menos dizer que notámos a melancolia. Porque a tristeza profunda é normalmente acompanhada por um sentimento de solidão que nos come a alma. E o primeiro passo (digo eu) para sacudir a tristeza é sentir-se acompanhado. É saber que há alguém que está ali, para o que der e vier, sem reservas.

Quando tudo o resto falhar, se alguma vez se sentirem injustiçados por alguém que, por estar triste, vos tratou mal, relevem. Relevar não é ser fraco. É ser Amigo e perceber que a Amizade tem uma componente negra, de algum sofrimento. Mas esta componente faz parte. E optar pelo mais fácil de dizer "não estou para isto" pode até ser mais confortável. Mas ninguém ganha nada com isso.

Por fim, lembrem-se: os Amigos toleram injustiças uma, duas ou três vezes. Mas depois têm também o direito de ficar tristes e afastarem-se. Não é por maldade. É só uma questão de auto-preservação.

Beijos & Abraços,

MP


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Das Expectativas

Nascemos porque sim. E a ausência de expectativas acaba pouco depois. :)

Começamos a ter expectativas muito cedo. Primeiro em relação a coisas simples. Os brinquedos, as prendas, as coisas que gostamos de comer, o carinho dos Pais quando chegamos a casa... A grande vantagem é que, enquanto crianças, não é duradouro o sentimento de desilusão quando nos defraudam expectativas. Ficamos tristes, mas "sacudimos". E está tudo bem.

Digo eu que, nesta altura, esperar certos comportamentos é inocente. E resolve-se em ciclos muito pequenos. E a capacidade de adaptação e de recuperação das Crianças é enorme. Naturalmente que falo de situações que ocorrem dentro de uma infância dita normal. E não ver expectativas correspondidas durante muito tempo pode causar traumas sérios e comportamentos desviantes. Aqui a inocência perde-se mais cedo. Por repetição. As tristezas momentâneas passam a ser estados de alma constantes. Que fazem mal a quem não tem mecanismos de processamento mais "adultos".

Mesmo partindo de uma infância normal, mais cedo ou mais tarde começamos a ter expectativas diferentes. Mais sérias. E mais variadas. É a namoradinha que queremos que goste de nós de forma intensa, é a nota do teste que esperamos ansiosamente, é a vontade intensa que a nossa avó melhore de uma doença qualquer... É aquele presente por passar o ano que queremos mesmo... As desilusões nesta fase já custam mais. Mas a componente de aprendizagem e de primeiro contacto com os "baldes de água fria" assume um carácter quase apaziguador, quando as coisas não correm como queríamos. A capacidade de levantar-se fica ligeiramente mais lenta. Mas ainda há força. E há, acima de tudo, esperança. Aquela esperança típica de quem tem sangue na guelra e uma vida pela frente.

Depois envelhecemos (ou amadurecemos). As expectativas juntam-se à experiência que vamos ganhando. Aprendemos a disfarçá-las. E tentamos (por vezes desasperadamente) controlá-las. Mas acho que nunca deixamos de as ter. O que pode mudar é a intensidade com que as sentimos ou com a qual acreditamos nelas. A gestão das desilusões (que vão invariavelmente continuar a contecer) é que se torna mais penosa e mais lenta. Mas faz-se. Sem stress.

Os mais racionais tomarão a decisão de não ter mais expectativas. Na teoria funciona muito bem. Na prática é mais difícil. Mas há um truque: não dar hipótese a que aconteçam coisas que nos possam gerar expectativas. A não ser que, à partida, valham a pena.

Eu por mim não sei o que é melhor. Honestamente! Não ter expectativas parece-me deprimente. Mas tê-las pode representar um "pôr-se a jeito" para dissabores. E então? Em que é que ficamos? Não ficamos em parte nenhuma! Vamos vivendo e decidindo com a cabeça e com o coração. Se correr bem, óptimo. Se correr mal é pena. Mas existe a obrigação de seguir em frente. De levantar-se. Sempre.

E faz-se. Sem stress. :)

Beijos & Abraços.

MP