Começamos a ter expectativas muito cedo. Primeiro em relação a coisas simples. Os brinquedos, as prendas, as coisas que gostamos de comer, o carinho dos Pais quando chegamos a casa... A grande vantagem é que, enquanto crianças, não é duradouro o sentimento de desilusão quando nos defraudam expectativas. Ficamos tristes, mas "sacudimos". E está tudo bem.
Digo eu que, nesta altura, esperar certos comportamentos é inocente. E resolve-se em ciclos muito pequenos. E a capacidade de adaptação e de recuperação das Crianças é enorme. Naturalmente que falo de situações que ocorrem dentro de uma infância dita normal. E não ver expectativas correspondidas durante muito tempo pode causar traumas sérios e comportamentos desviantes. Aqui a inocência perde-se mais cedo. Por repetição. As tristezas momentâneas passam a ser estados de alma constantes. Que fazem mal a quem não tem mecanismos de processamento mais "adultos".
Mesmo partindo de uma infância normal, mais cedo ou mais tarde começamos a ter expectativas diferentes. Mais sérias. E mais variadas. É a namoradinha que queremos que goste de nós de forma intensa, é a nota do teste que esperamos ansiosamente, é a vontade intensa que a nossa avó melhore de uma doença qualquer... É aquele presente por passar o ano que queremos mesmo... As desilusões nesta fase já custam mais. Mas a componente de aprendizagem e de primeiro contacto com os "baldes de água fria" assume um carácter quase apaziguador, quando as coisas não correm como queríamos. A capacidade de levantar-se fica ligeiramente mais lenta. Mas ainda há força. E há, acima de tudo, esperança. Aquela esperança típica de quem tem sangue na guelra e uma vida pela frente.
Depois envelhecemos (ou amadurecemos). As expectativas juntam-se à experiência que vamos ganhando. Aprendemos a disfarçá-las. E tentamos (por vezes desasperadamente) controlá-las. Mas acho que nunca deixamos de as ter. O que pode mudar é a intensidade com que as sentimos ou com a qual acreditamos nelas. A gestão das desilusões (que vão invariavelmente continuar a contecer) é que se torna mais penosa e mais lenta. Mas faz-se. Sem stress.
Os mais racionais tomarão a decisão de não ter mais expectativas. Na teoria funciona muito bem. Na prática é mais difícil. Mas há um truque: não dar hipótese a que aconteçam coisas que nos possam gerar expectativas. A não ser que, à partida, valham a pena.
Eu por mim não sei o que é melhor. Honestamente! Não ter expectativas parece-me deprimente. Mas tê-las pode representar um "pôr-se a jeito" para dissabores. E então? Em que é que ficamos? Não ficamos em parte nenhuma! Vamos vivendo e decidindo com a cabeça e com o coração. Se correr bem, óptimo. Se correr mal é pena. Mas existe a obrigação de seguir em frente. De levantar-se. Sempre.
E faz-se. Sem stress. :)
Beijos & Abraços.
MP
Sem comentários:
Enviar um comentário