segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Das Cartas de Amor II

Ora aqui vai mais um texto que podia ser uma carta de amor. Mas não é. 

Continuo a achar que não tenho muito jeito para a coisa. Mas um dia pode ser que tenha alguma utilidade. Nem que seja para colar na porta do frigorífico. :-)

"Meu Amor,

Sei que dificilmente seremos um do outro. A Vida trouxe-nos coisas boas e coisas más. E à primeira vista é mais o que nos separa do que o que nos une. As nossas pancadas e limitações são próprias de quem já sentiu na pele os espinhos do mar de rosas que é a Vida.

Os avanços e recuos dos quais vamos inevitavelmente sofrer, fazem parte de pessoas como nós. Magoam e ferem como espinhos aguçados. As tentativas constantes de separação (por sentirmos que é o melhor a fazer) trazem-nos uma tristeza latente e um medo de novas mágoas. Há coisas que, depois de entranhadas, são difíceis de sair. Às vezes parece-me impossível que saiam mesmo.

Os momentos maus são de angústia e de um sofrimento calado, próprio de quem não se quer expor, de quem não se quer por a jeito para desilusões. De quem não quer dar o braço a torcer. De quem procura no outro provas constantes de Amor, de Carinho duradouro. De quem procura o aconchego de um coração que sente que lhe pertence. Era tão bom que nos pudéssemos mudar para o coração um do outro. Que pudéssemos deitar a chave fora, sem medo de sermos despejados. De ficarmos na rua, sem calor, sem afectos... sem nada. Esta era uma aventura que vivia contigo se sentisse que somos constantes, que somos unidos contra todos. Que somos um.

E os momentos bons? Ai os momentos bons... Esses são doces, quentes e confortáveis. O teu beijo, o teu sorriso, as tuas palavras carinhosas aquecem o coração de quem as ouve. O teu toque e o teu cheiro são como uma brisa suave constante que não é quente nem é fria. Mas que alimenta e areja a vida, o coração e a alma. Gostava que fossem todos assim. Mas depois há o Mundo e as vivências. E aí tudo cai. E temos mesmo de entrar em modo de sobrevivência e de auto-preservação. Não nos censuro por isso. Afinal somos pessoas. Somos humanos. E estamos longe de ser perfeitos.

As nossas imperfeições são como mossas a precisar de restauro. De um restauro que só muito Amor pode fazer. Nào basta lambermos as nossas feridas. Temos de poder e querer lamber a feridas um do outro. E cuidá-las e tratá-las com carinho.

Sei que é difícil. Ninguém nunca nos disse que ia ser fácil. Se que dificilmente teremos um final feliz. Mas, até chegar esse final, vou amar-te. De perto, de longe, em silêncio ou abertamente. E se não formos um para o outro, que sejamos para outro alguém. E que esse alguém seja menos difícil. Que essa história se conte de forma mais leve e em menos actos.

Até lá, o meu coração está perto do teu.

Porque te amo."

Beijos & Abraços,

MP

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