sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Da Vontade de Ensinar e Dos Métodos

Amiguinhos,

A vontade de passar a outras pessoas o conhecimento musical que tenho já não é de hoje. Há algum tempo que gostava de ensinar (embora, honestamente, não goste muito desta palavra) o que sei e a minha maneira de tocar e cantar.

Acho que nunca se proporcionou. Ou porque não havia um espaço para isso, ou porque não havia tempo. Agora que essa possibilidade se coloca, é preciso pensar em método. E método é, para mim, essencial.

Participei há pouco tempo numa conversa sobre ensino e pedagogia. Ouvi mais do que falei porque sou leigo na coisa. Sobre este assunto penso o seguinte: para ensinar precisamos mesmo de ter em atenção quatro aspectos fundamentais. São eles: paciência, vontade, pedagogia e método. É fácil perceber a importância de cada um. E vou mais longe: quem conseguir reunir estas características tem tudo para ser um bom professor.

A paciência é essencial e basilar. Em cada aluno há uma pessoa diferente. Com capacidades diferentes. Com limitações diferentes. Nem todos temos o mesmo talento ou capacidade natural para aprender e executar um instrumento. E a capacidade de não perder a cabeça quando as coisas não entram à primeira, é essencial. Caso contrário, temos alunos frustrados, com medo e sem entusiasmo. Que depois ou desistem, ou se tornam músicos medíocres. Uma coisa é ser paciente. Outra é ser permissivo e iludir alguém que, pura e simplesmente, não tenha jeito para a coisa. A honestidade nestes casos é a melhor saída. Pode perder-se um mau músico e ganhar-se um bom médico.

Quem não tiver vontade de ensinar, não deve fazê-lo. O ensino como solução profissional de recurso produz professores amargos e pouco ambiciosos. Que, com o passar dos anos, se tornam cada vez mais irrascíveis, deprimidos e desmotivados. E muitas vezes estragam e desmotivam pessoas talentosas.

Ter noções de pedagogia e mesmo alguma "pedagogia natural" é muito importante. Porque a pedagogia permite-nos agir de acordo com as nuances de cada aluno. Sejam elas comportamentais ou mesmo sociais. É uma espécie de instinto que tem forçosamente de ser inerente a quem ensina.

Por mais que se saiba (e conheço gente que sabe mesmo muito), não basta começar a ensinar coisas de forma isolada e aleatória. Há técnicas que têm precedência umas sobre as outras. Há timings para ensinar cada parte. A construção de um método é, por isso, essencial. Senão podemos ter um aluno que sabe tocar o Garota de Ipanema mas não sabe a escala de Fá Maior! Não é porque seja burro. É porque, antes de aprender a música em questão, o aluno precisa de saber a escala que lhe permite tocá-la e improvisar sobre ela. 

Uma coisa de cada vez. Com timing e disciplina. A isto chama-se método. E método pode significar a diferença entre um músico preparado e um jeitoso. :)

Beijos & Abraços.

MP

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