Desde miúdo que venho ao Porto Santo todos os anos. Alguns anos, mais do que uma vez. Costumo dizer que há muito Portossantense que tem menos anos de vida do que eu de Porto Santo. :)
Esta sempre foi para mim uma Ilha de amores. Foi aqui que, em miúdo, me "apaixonei" várias vezes. Como adolescente, a tendência continuou. E foi aqui que, depois, conheci a minha Mulher. :) Como podem ver, esta Ilha, apesar de eu não ser um grande adepto de torrar horas ao Sol, sempre me deu coisas boas. Assim, sinto-me bem por cá. E mais: acho que, sentir-se mal nesta Ilha, pode tornar-se sufocante e desesperante. Mas hoje não me apetece falar disso.
Quem olhar para esta terra como "9km de praia e uma noite divertida para tomar copos", corre um risco sério de estar enganado. É que há (e houve) sempre muito mais no Porto Santo. Sou do tempo em que a rua do Zarco era uma loucura à noite, em que as caras conhecidas eram mais que muitas, em que a Fonte da Areia era o melhor sítio para se ir buscar água e em que se ia pescar ao Cais. Hoje em dia, a Quinta do Serrado é uma delícia, as lambecas continuam a fazer o mesmo sucesso de sempre, a comida está cada vez melhor e os fins de tarde continuam a ser frescos, apetecíveis e retemperadores. A animação continua mais que muita e há para todos os gostos. Permitam-me aqui um parêntesis: o melhor concerto que fiz a solo na minha vida foi na Praça do Barqueiro há 10 anos (salvo erro). O público era do melhor que há e tive de voltar ao palco duas vezes. E depois estava rodeado de amigos e de gente boa. :)
Sou do tempo em que se viajava no Pirata Azul, no Independência, no Alizur Amarillo, no Pátria, no Lady of Man e no Madeirense. E, apesar de não ser grande marinheiro, a viagem no Lobo Marinho faz-se maravilhosamente e com todas as condições. E a ideia do que se vai encontrar no fim da viagem, faz com que cada vinda cá seja um prazer. Acreditem que, até com chuva e frio, gosto desta Terra. :)
Não vou negar que há nostalgias. As saudades que sinto da minha Avó (que todos os anos me trazia cheia de paciência), de ter de ir aos CTT telefonar, do verdadeiro "desligar" que havia quando para cá vínhamos, de tirar o relógio mal punha um pé em terra firme, das bebedeiras que se tomava sem grandes preocupações (porque trazer carro era um luxo), dos passeios de jerico e, acima de tudo, das noites divertidas com amigos, sem acesso a muita coisa a que, hoje em dia, esta malta tem acesso. E de comer biscoitos do Porto Santo no terraço da casa da minha Avó com o meu Amigo Bruno. :) Bons tempos!
Hoje, com os iPhones, iPads, PCs e restantes tecnologias, o Porto Santo fica mais perto de tudo. E mais parecido com tudo. É preciso haver mais esforço, disciplina e controlo da nossa parte para poder estar, verdadeiramente, em "modo Porto Santo". Mas tudo se faz. Haja vontade! E há. Tenho a certeza que, quem sabe (e quer) estar no Porto Santo, consegue. E volta...
Não sei como alguém pode ligar ao que, há poucos dias, se disse numa telenovela. Houve alguém que, seguindo um guião brilhante (not!) se referiu ao Porto Santo como uma Ilha deserta que tinha praia e pouco mais, onde não se passa nada. Não sejam pequeninos, não digam asneiras. A grande vantagem de cá estar é simples: se quiserem que não se passe nada, há sítios para estar. Mas se quiserem curtir muito, também há! E a Ilha é suficientemente grande para que as duas realidades vivam em harmonia. Se quiserem pensar o contrário, estejam à vontade. Mas não sabem o que perdem. E isso quem vos garante sou eu!
Assim sendo, vou continuar a vir, a desfrutar e a gostar desta terra. E a tê-la também como minha. E vou continuar a sentir coisas boas quando cá venho. Quem me conhece sabe que, o que procuro na vida é, precisamente, coisas boas. Daí a profissão que escolhi, os poucos amigos que tenho e os sítios onde gosto de estar. Este é um deles. Agora já mais "velhinho" e menos afoito. Mas, até nisso, o Porto Santo me enche as medidas: mudou comigo, ao meu ritmo e sem impor nada. Ou fui eu que amadureci... Não interessa: é bom na mesma.
Nota - neste momento estou na Quinta do Serrado a escrever. Respira-se sossego e bem-estar. Daqui a pouco está na minha hora de ir à Praia (mais ou menos às 5 da tarde). Depois há o fim de tarde no terraço lá de casa, o jantar e as cervejinhas (e a conversa) mais logo. :)
É claro que a inocência e a simplicidade de outros tempos se perderam. Mas também quem, mais cedo ou mais tarde, não deixar cair essa inocência, corre o risco de viver pouco. Ou de viver iludido. E nem uma nem outra são saudáveis a longo prazo.
Perguntam-me vocês: podias viver sem ir ao Porto Santo? Claro que podia! Mas não,era, nem de perto nem de longe, a mesma coisa.
Beijos & Abraços,
MP
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