terça-feira, 10 de setembro de 2013

Da Solidariedade

Amigos,

Vivo num País onde a solidariedade me é imposta. No qual sou obrigado a contribuir para um sistema de Segurança Social que, quando chegar a altura de ter proveitos, provavelmente terá já morrido. Pago todos os meses a reforma dos outros. Os subsídios dos outros. E pago sem reclamar. Ou seja, mesmo que seja por obrigação, sou solidário e ajudo outras pessoas.

Tenho para mim que a Solidariedade deve ser voluntária. Só ajuda os outros quem quer. Quem, de coração, quer fazer a diferença e tornar melhor a vida dos menos afortunados. Já perdi a conta ao número de vezes que, por minha iniciativa, fui solidário. Quer com bens alimentares, com dinheiro ou a participar como cantor/ músico em eventos desta natureza. Também perdi a conta às causas que ajudei. Mas não quero medalhas por causa disso. Nem nada que se pareça. Ninguém me obrigou e fiz porque quis. Mas tive de deixar isto claro para que se perceba que não sou contra a solidariedade. Pelo contrário.

Devo dizer que me custa ver tanta malta embandeirar em arco a apelar à solidariedade e a apregoar interesse pelo próximo. E quando chega a hora de contribuir... ah e tal, não posso. Não estou. Não pude ir. Afinal apareceu-me outra coisa. Esses, quanto a mim, deviam estar caladinhos no seu canto, pelo menos no que a estes assuntos diz respeito. Porque senão tornam-se hipócritas. E a hipocrisia é, para mim, uma característica deprimente.

Este texto vem a propósito de um evento de Solidariedade no qual participei no sábado, dia 7 de Setembro: o Maresia de Sons.  Vi lá gente cheia de boa vontade, com mobilidade reduzida, a tentar fazer alguma coisa válida para pessoas que precisam. Neste caso eram o pequeno David e as vítimas dos incêndios que assolaram a Madeira. E não se pedia para pagarem bilhete. Pedia-se que, se quisessem, fizessem uma doação da forma e valor que achassem melhor. 

Mas nem assim. Apareceu muito pouca gente. Custou-me cantar para um Parque de Santa Catarina praticamente vazio. E agradeço do fundo do meu coração aos que lá foram ver. Porque foi para esses, para o David, para as vítimas dos incêndios e para os meus colegas Artistas que cantei. Dei o melhor de mim e fiz o melhor que pude. Não porque era obrigado. Mas porque quis. Porque achava as causas válidas. 

Agradeço à organização o convite que me foi feito. E ao restante cartaz pelas prestações que teve. Ninguém se deixou ir abaixo. Mas estavam todos indignados.

Percebam: até podem argumentar que o cartaz não era apelativo. Mas a questão aqui não era o cartaz. Nem a promoção dos Artistas. Era a consciencialização. Eram as causas. E era o reconhecimento de quem, com entrega, com amor e, acima de tudo, por vontade própria, deu um pouco de si para ajudar os outros.

Shame on us. Shame on us...

Beijos & Abraços,

MP

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