sábado, 7 de setembro de 2013

Dos Dias Maus


Caros,

Gostava mesmo que todos os dias fossem bons. Que todos trouxessem sorrisos e esperanças, mesmo que fossem tontas. Que trouxessem novidades boas. Ou que, pelo menos, fossem feitos de sorrisos calmos. Mas não são. Nem todos são assim.

Ainda não consegui encontrar explicação para alguns dias de cão. É claro que há alguns que têm motivos claros para serem maus. Porque efectivamente aconteceu alguma coisa de mau. Esses, pela clareza com que se apresentam, ultrapassam-se bem. Nem que seja no dia seguinte. :)

Mas há outros que não têm explicação. Ou, se a têm, só a conseguimos descobrir depois de muita introspecção. Quando há paciência para introspecções. Ou depois de uma conversa de horas com alguém que nos possa ajudar a descobrir, afinal, o que foi. Mas devo confessar que, na maior parte das vezes, acabam por passar sem que eu perca muito tempo a pensar neles. Ou a procurar justificações para aquela sensação de alma vazia.

A sensação é que é má. Sabem quando, apesar de estarmos sempre rodeados de pessoas, nos sentimos sós? É mais ou menos isso. O problema que se afigura nestes dias é que, muitas vezes, estamos mesmo sós. Mesmo quando rodeados de gente. Porque a frequência de pensamentos e de sentimentos não é a mesma. E porque, honestamente, os outros têm mais que fazer do que andar a pensar se tivemos ou não um dia mau. E os que tiram um bocadinho para tentar perceber o que se passa, são menos ainda. Os que conseguem ajudar e tornar esses dias um bocadinho melhores... esses então são uma raridade. E, apesar de serem raridade, são um achado.

É realmente mais fácil descarregar reflexões profundas no facebook. E mandar bocas uns aos outros. Mas tocar na mão ou no braço de alguém, olhar com olhos de ver e ouvir com ouvidos atentos é mais difícil. Menos cómodo. Portanto, não o fazemos. Porque as nossas vidas são demasiado cheias para isso. E, se o fizéssemos, às vezes podíamos ter melhorado um bocadinho o dia de alguém.

Para mim é uma surpresa agradável quando alguém demonstra interesse no que aflige outra pessoa. Não pela curiosidade típica dos seres humanos. Mas pela vontade genuína de estar ali. De tentar minorar a coisa. De trazer uma perspectiva fresca sobre problemas alheios.

Costumo ter duas certezas que têm a ver com os dias maus: o de ontem foi melhor e o de amanhã será também melhor. Assim sendo, mesmo que não haja ninguém por perto, o regresso ao normal torna-se mais fácil. Nem que seja sozinhos. 

Cada vez mais me convenço que os dias bons são nossos e dos que nos rodeiam. Mas os maus são só nossos. E partilhá-los só traz maçada a quem nos rodeia.

Beijos & Abraços,

MP

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