Ao contrário da maioria dos assuntos sobre os quais escrevo, o mérito não tem nada de subjectivo. E, quanto a mim, não está sujeito a muitas interpretações. Sou defensor acérrimo e convicto da meritocracia. Tudo aquilo que se consegue na vida (com a honrosa excepção de momentos de sorte) deve ser conseguido por mérito. Como resultado de bom comportamento ou de um trabalho bem feito.
Tenho para mim que as avaliações devem ser constantes. E a aceitação dessas avaliações é importante para uma vida de conquistas honestas. É claro que não defendo que se seja déspota e se possa avaliar coisas de forma negativa (ou positiva) porque nos apetece. Mas saber olhar e reconhecer mérito (ou a falta dele) é demasiado importante para ser feito por pessoas pequeninas ou inconscientes.
Vou até ser polémico quando digo que não acredito em coisas como "contratos para a vida" ou "efectividade". Para mim, a continuidade das relações laborais e humanas deve basear-se exclusivamente nos desempenhos de cada um. Fez um bom trabalho? Trata bem a sua cara-metade? Então fica. Porque merece ficar. Se é displicente e trata mal as pessoas... fora! Há sempre quem queira trabalhar ou tratar bem uma pessoa. No caso particular das relações laborais, há países em que é mesmo assim. Resultado: toda a gente se aplica mais. Porque se não, há mais 50 000 à porta cheios de vontade de trabalhar e de ter uma oportunidade. E não tenho dúvidas de que quem tem sucesso (e partindo do princípio que não anda a dormir com o(a) chefe), tem-no por mérito.
É claro que um Mundo que se regesse apenas por meritocracia é utópico. Porque isso implicava que não houvesse venenos, que não se "emprenhasse pelos ouvidos", que não houvesse joguinhos de poder e que não houvesse sistemas viciados e instalados que corrompem e deturpam qualquer noção de mérito que se possa ter. Não peço tanto. Mas gostava sinceramente que assim fosse.
Até agora na minha vida tentei que, tudo aquilo que consegui, fosse por mérito. Por ter feito um bom trabalho. Por me ter portado bem com as pessoas, com as empresas, com o Público. Detesto cunhas e situações criadas em bastidores para viciar sistemas. Detesto situações de direitos adquiridos usados para intimidar quem, de forma justa, reclama de um trabalho mal feito. Não gosto que se dê trabalho a seja quem for por pena, por paixão ou por afinidade.
Na avaliação do mérito de cada um, devem ter-se em conta duas dimensões: a qualidade do trabalho apresentado e a contigência no qual o mesmo foi feito. Porque há coisas que escapam ao nosso controlo. E isso precisa também de ser tido em conta. Mas se avaliarmos o dessmpenho de cada um na sua área, sem procurar bodes expiatórios, quase que garanto a aplicação limpa da meritocracia que tanto defendo.
Em 17 anos de carreira profissional, investi tempo e dinheiro na preparação de tudo o que fiz. Nunca gostei de chegar aos sítios mal preparado. Sempre tive uma preocupação grande com a preparação das coisas. Em algumas alturas devo confessar que a preocupação era demasiada. Mas os aplausos, os elogios e a noção de que fiz o meu melhor, estiveram quase sempre presentes. Talvez por isso me tenham chamado novamente para as coisas. Talvez por isso tenha tido (até agora) alguma continuidade na actividade que exerço. Como nunca fui efectivo em coisa nenhuma, só posso ser levado a concluir que foi algum mérito que me trouxe aqui. Entendam que aqui não pode haver lugar a falsas modéstias. O que há é um olhar para trás, para o presente e para o futuro com segurança e consciência limpa.
E tenham muito cuidado quando tratarem de forma injusta alguém que provou o seu valor e que demosntrou mérito puro e duro. É que, de todas as injustiças, esta é seguramente uma das piores.
Mas quero que a minha vida seja assim. A trabalhar, a viver de conquista em conquista. E sem bananeiras para me deitar à sombra.
Beijos & Abraços,
MP
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