terça-feira, 15 de outubro de 2013

Da Realidade

Ao contrário do que possa parecer, não há nada de objectivo na noção de realidade. Temos o hábito de nos referir à realidade como um conceito definitivo e absoluto. De forma mais ou menos frequente usamos a expressão "a realidade é esta" ou "esta é que é a realidade". Olhem que pode não ser bem assim...

A experiência e as vivências encarregam-se de nos mostrar que é mais coerente assumirmos a existência de realidades (plural). A realidade desta ou daquela pessoa pode ser diferente da de outra. Mais: dependendo da forma como se pensa e como se vê as coisas, a mesma situação pode gerar realidades diversas. Tantas quantas forem as pessoas envolvidas.

Penso que a palavra chave aqui é percepção. Costumo dizer que a verdade (ou realidade) absoluta não existe. O que há é percepções diferentes da mesma situação. Dependendo do ponto de vista, tudo é subjectivo. E relativo.

Talvez por isso eu prefira manter-me fiel aos meus princípios e maneiras de resolver as coisas. Mas também opto por manter uma mente aberta às percepções diferentes das minhas. Não concordo com todas. Há algumas que nem tolero. Mas reconheço que existem e procuro conviver com elas. E a convivência com pessoas traz como "brinde" a convivência com realidades diferentes da nossa. Há, naturalmente, coisas difíceis de aceitar. E quanto mais "brilhante" for a mente  com a qual nos confrontamos, mais difícil fica esta aceitação. E mais difícil fica a convivência.

Além disso, a reflexão e o tempo por vezes encarregam-se de nos fazer mudar de percepção. A aprendizagem é isso mesmo. E a subjectividade das coisas cria essa abertura. Trata-se, no fundo, de pesar os prós e os contras de tolerarmos (ou não) esta ou aquela realidade. Se as vantagens forem mais do que as desvantagens, o saldo é positivo. Então, força! 

Mas tenham sempre em atenção os vossos princípios. É que, no fim das contas, quando tudo o resto falhar (ou quando as pessoas vos falharem), pode não vos restar mais nada. E os princípios é que vos vão trazer alguma estabilidade e capacidade de seguir em frente. Andar ao sabor dos outros também não é postura que se defenda. Nem é aconselhável para uma vida coerente.

Beijos & Abraços,

MP

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