quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Da Disciplina

Sempre fui um rapaz disciplinado, mas só para as coisas que quero. :-) Profissionalmente tento todos os dias que o meu trabalho seja irrepreensível e, por força da profissão que tenho, que o reconhecimento das pessoas seja notório e presente.

No que diz respeito ao resto (saúde, hábitos, arrumação) já não foi sempre bem assim. A minha tendência para me dedicar ao que faço sempre se sobrepôs à vontade de me dedicar ao que sou. Deixem-me que cos diga, caríssimos, que este é, para mim, um erro crasso.

A Vida precisa de ter, na minha opinião, uma disciplina constante e sempre presente. Não falo em casos extremos de transtornos obsessivos-compulsivos que fazem com que a disciplina seja uma doença. Falo de uma disciplina consciente (e doseada) que, mais cedo ou mais tarde, nos vai trazer coisas boas e resultados bons.

Tenho para mim que a disciplina deve ser proporcional à vontade que temos de nos reconstruir. De, durante algum tempo, ter de se obrigar a fazer algumas coisas para que estas depois se tornem um hábito saudável que nos faça levar a Vida sem que as obrigações mais simples sejam um fardo. Ou seja: passam a fazer parte do mais quotidiano e normal da nossa existência e fazem-se de forma normal e quase automática.

Porque o resto das nossas Vidas é que vale a pena! As coisas que aparecem de repente, as incógnitas, as lutas, as relações, os projectos novos e a ausência de medo de, por falta de disciplina em excesso, nos podermos esbardalhar ao comprido. A aprendizagem constante é, para mim, isso mesmo. Uma sucessão de quedas e de recuperações que, para o bem e para o mal, constroem aquilo que somos.

Li em algum sítio que se repetirmos a mesma acção todos os dias durante 3 semanas, ela passa a ser um hábito. Isto aplica-se, naturalmente, às coisas boas e às coisas más. Assim, pode levar apenas três semanas a criar hábitos de alimentação saudável, a criar gosto pelo exercício físico ou a saber que a roupa deve guardar-se todos os dias. Depois já é automático. E o nosso corpo e mente agradecem. Porque têm muito para fazer. Mas a energia necessária para viver, fica guardada para outras coisas que, essas sim, não podem (nem devem) ser automáticas. Devem ser vividas intensamente.

Mas deixem-me também ser-vos claro numa coisa: se vos apetecer mandar a disciplina para um sítio feio e deitarem-se à desgraça de vez em quando, façam-no. E as opiniões dos outros são apenas isso mesmo: opiniões.

Nestas coisas penso que já ando um bocado com Descartes: não quero (nem vou) ensinar nada a ninguém. Falo-vos apenas do que resulta comigo. :-)

Beijos & Abraços.

MP

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