Tenho para mim que uma boa forma de lidar com a Dor de Alma (ou de Coração) é, antes de tudo, aceitá-la e viver com ela de forma pacífica. Sem usá-la como desculpa para magoar os outros. Ser altruísta o suficiente para guardá-la, vivê-la, processá-la, tratá-la, apaziguá-la e depois torná-la numa espécie de arquivo morto na nossa cabeça.
É importante para mim não fugir àquelas dores que sei que são inevitáveis. Nota - não sou maluquinho: procurar dor não é viver. É ser masoquista. E gostar de dor, honestamente, não é para mim. Mas viver com ela, com a dor, com as dores, com a sequência de dores de forma pacífica e determinada é meio caminho andado para doer menos e espalhar pelo Mundo uma serenidade que só nos faz bem a nos e aos outros.
A dor não é uma desgraça. É algo que vem e vai. Às vezes demora mais a ir. Mas é assim. É presente e, em algumas alturas, constante. Olhem para ela como quem olha para as contas ou para os impostos: mais cedo ou mais tarde chateiam e temos mesmo de pagar.
Viver com dor constante e chatear-se com ela e consigo próprio não é viver. É sobreviver. É arrastar uma existência triste. Por outro lado, aceitá-la, domá-la e seguir em frente apesar dela, é normal. É normalizante. É apaziguador. Acreditem em mim que eu sei o que digo.
Um bom truque é exercitar os músculos da cara e colocar um sorriso. Andar com ele sempre. Tipo palhacinho. A diferença é que não estamos a ser palhacinhos para os outros. Estamos a sê-los para nós próprios. Como quem alegra festas de crianças, mas com um público mais restrito. Além disso, temos o bónus de, além de nos ajudarmos a nós próprios, também damos aos outros uma das melhores coisas que se podem ver: sorrisos.
Andei muito tempo (e às vezes ainda sofro desse mal) de cara fechada. Carrancudo. Como se isso me fosse proteger de seja o que for. Pois... mas não protege. Não traz nada de bom. Assim, defendo sempre o nariz vermelho e o sorriso aparvalhado. Porque eles ajudam quando a dor de alma quase se transforma em dor física.
A ideia aqui não é viver sem dor nem viver contra ela. É viver apesar dela. Com a ideia que ela vai passar. Até haver outra para aceitar, tratar e resolver.
Querem lidar com a dor? É fácil: sejam felizes. :-)
Beijos & Abraços.
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